Resenha: Os Miseráveis
(Tradução e Adaptação de Walcyr Carrasco)


Livro: Os Miseráveis
Autor(a): Victor Hugo
Tradutor(a)/Adaptador(a): Walcyr Carrasco
Gênero: Épico, Ficção Histórica, Romance
Editora: FTD
Páginas: 128

   Sinopse:

Após cumprir pena de trabalhos forçados por quase vinte anos, Jean Valjean é posto em liberdade. Seu coração está cheio de ódio e rancor. Sem ser aceito em nenhum lugar, encontra abrigo na casa do bispo, que lhe oferece comida e pouso. Mas a amargura e a revolta que traz no coração fazem com que Jean Valjean não reconheça a generosidade recebida. A partir desse acontecimento, Jean Valjean vai descobrir uma fé que julgava morta dentro dele, e qualidades que também desconhecia haver em si próprio.

(Sinopse padrão para Os Miseráveis, disponível na página online dedicada ao livro, no Skoob. Na Saraiva constam as versões comerciais da obra, e não a que li, uma vez que a mesma fazia parte da coleção Literatura em Minha Casa, um projeto do Governo e Ministério da Educação que eu particularmente adorei. Aqui estão os links, da versão do Walcyr Carrasco e o da versão do José Angeli. Devo informar que há informações numa ou noutra versão que não são apresentadas em ambas. :/)

   Na contra capa:

"Os miseráveis mostram como uma pessoa pode se transformar graças à ação de outra. História de fugas, trapaças e armadilhas, esta também é uma história de amor entre jovens. Aqui são relatados interesses e atitudes muito mesquinhos, mas também grandes gestos de desprendimento e bondade.

                                                                                                          - Ligia Cademartori"


   Sobre o autor:

Victor-Marie Hugo (Besançon26 de fevereiro de 1802 — Paris22 de maio de 1885) foi um novelistapoetadramaturgoensaístaartistaestadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas de fama e renome mundial.


Victor Hugo

   O que mais gostei:

O que dizer? A obra é claramente de um período histórico datado de mais de um século atrás. E nem por isso se mostra antiga, justamente o contrário. Ela é atual. Abordando o tema e o cerne de questões sociais que até hoje são discutidas em todos os governos. Quem nunca se deparou com pessoas com personalidades semelhantes aos nossos odiosos antagonistas na obra? Farsantes e vigaristas como os Thérnardier, oficiais de justiça ferrenhos e inflexíveis como Javert, e familiares acomodados e tradicionalistas como o avô de Marius, o senhor Gillenormand.

Mas acima desse tipo de personagens, encontramos as circunstâncias e temas sociais que nos obrigam a pensar e rever a sociedade em que vivemos: ex-prisioneiros como Jean Valjean não encontram emprego facilmente, são temidos e vistos como criminosos o resto de suas vidas, independentemente de já terem mudado e cumprido suas penas; quando conseguem acabam em funções que as outras pessoas julgam inadequadas ou de baixo nível, e também por receber menos do que seria pago a um funcionário normal. Além disso, se voltarmos ainda mais no tempo, vemos o motivo que o levou à ser preso: roubar pão para alimentar sua família, em um inverno rigoroso e no qual não conseguiu emprego em nada. SE.NHOR. Vocês, caros amigos e leitores, o que pensam disso? Errado? Não posso dizer, nem julgar. Imaginem um jovem rapaz responsável por uma irmã mais velha, viúva, e sete crianças! Imaginem não ter comida sequer o suficiente! Você realmente perde o juízo e o bom senso, o instituto de proteção e sobrevivência falam mais alto. Outras situações o envolvendo nos dão outras perspectivas sobre o personagem e como ele é visto pela sociedade francesa da época. Quando ele se torna Madeleine e ajuda uma cidade inteira a prosperar, além de outras coisas, quando sua identidade é exposta, praticamente todas as pessoas se voltam contra ele. Até onde vai a intolerância? Após sua saída da cidade, livrando um inocente da morte, mesmo isso lhe custando a liberdade, a cidade decaiu.

Já sobre Cosette e Fantine, vemos o drama dos órfãos e mães solteiras. Desde os primórdios do mundo são um caso frágil. ambos desamparados e mal vistos pela sociedade. E embora Cosette não seja uma órfã, de fato, ela é tratada como uma, pelas pessoas que deveriam zelar pela sua segurança e integridade, afinal de contas, tais pessoas são pagas para isso! Entramos em um assunto mais grave ainda, os maus tratos à crianças. Que horror! Que desprezo imenso do ser humano em abusar de um ser tão puro e indefeso! Cosette desde pequena  foi maltrata pelo casal de vigaristas, sem ter notícias de sua mãe, comendo restos, vestindo trapos e sendo obrigada a trabalhar para os Thérnardier. Já Fantine, teve que se virar em mil para se sustentar humildemente. Em uma sociedade onde ser mãe solteira era praticamente uma contravenção. Ela deu o melhor de si, e foi aos limites da sanidade e desapego por amor à filha: vendeu seu trabalho, seus belos dentes, cabelo, e por fim, virou uma prostituta, para atender aos disparates pedidos pelos vigaristas, achando que sua filha estava sendo bem cuidada. Acabou sendo vítima da sociedade, também, uma sociedade preconceituosa, se posso dizer. Dos desenganos da vida, e das injustiças sociais.

Temos também símbolos do vigor da juventude em lutar por seus ideais, e sobrepujar quaisquer dificuldades, com um sorriso no rosto, como é o caso de Marius e Gavroche. Ambos vítimas de famílias incoerentes e indiferentes a suas realidades.

O livro em si, além de todo o cunho histórico-social, pode ser entendido como um compêndio expressivo de realidades sendo mudadas e transformadas pelo empenho de alguns em favor de outros, ou vice-e-versa. Afinal, personagens como Éponine também mostraram ter um coração, serem capazes de amar, e mudarem (ou seria mais correto dizer, 'moldarem'?) sua essência prontamente em prol desse amor.

O que posso dizer é que não há escapatória: o choro é livre! Leiam, se encantem, mas acima de tudo, reflitam! O futuro está em nossas mãos. Cabe a cada um de nós um pedacinho de responsabilidade sobre como o amanhã será. E em Os Miseráveis, aprendemos que uma ação de bondade, amor e confiança, pode desencadear uma rede infinita de mesmo poder.

   Curiosidades:

* Devo admitir, caros amigos, eu não sabia que o autor de Os Miseráveis era o mesmo de O Corcunda de Notre-Dame.

* Nesta edição do livro, especialmente na Coleção Literatura em Minha Casa, há notas de rodapé com explicações e outros fatos inerentes à obra. Muito explicativo, e facilitador para o leitor.

* No desenho infantil, Três Espiãs Demais (Totally Spies), há um episódio no qual as meninas fazem um teste para a peça da escola, mais especificamente Clover e Mandy, para o papel de Cosette. E foi Awesome! Haha'

* Houve inúmeras adaptações da obra, integral ou parcialmente, para o cinema, TV e teatro. A mais recente , uma adaptação do musical da Broadway feita pelo Reino Unido, e lançado em 2013, é o filme em formato de musical, intitulado originalmente Les Misérables, e no Brasil, Os Miseráveis. Com um orçamento de 61 milhões de dólares, dirigido por Tom Hooper, e com uma duração de 2h30min. Segue o trailer abaixo.


* É interessante dizer que o Tom Hooper recusou dirigir Homem de Ferro 3 por causa desse filme!

* O filme gerou uma receita de 441.809.770 milhões de dólares! O filme foi ovacionado pela crítica especializada e aplaudido de pé por todos. Foi indicado a 8 categorias no Oscar 2013, das quais venceu 3.

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