Resenha: A Droga da Obediência

Livro: A Droga da Obediência
Série: Os Karas

Autor(as): Pedro Bandeira

Gênero: Romance, Juvenil

Editora: Moderna

Páginas: 128

   Sinopse:

Uma turma de adolescentes enfrenta o mais diabólico dos crimes! Num clima de muito mistério e suspense, cinco estudantes (os Karas) enfrentam uma macabra trama internacional: o sinistro Doutor Q.I. pretende subjugar a humanidade aos seus desígnios, aplicando na juventude uma perigosa droga! E essa droga já está sendo experimentada em alunos dos melhores colégios de São Paulo. Esse é um trabalho para os Karas: o avesso dos coroas, o contrário dos caretas!

(Sinopse padrão para A Droga da Obediência, disponível na página online dedicada ao livro, no Skoob. Na Saraiva consta a versão comercial da obra, e não a que li, uma vez que a mesma fazia parte da coleção Literatura em Minha Casa, um projeto do Governo e Ministério da Educação que eu particularmente adorei. Aqui está o link, da 5ª edição da versão comercial.)

   Carta aos leitores:

A droga da obediência está aguardando por vocês. A história nos convida a refletir sobre os descaminhos causados quando optamos por viver uma obediência cega e sem escolha, como muitas vezes acontece conosco. Sem se afastar da construção literária, Pedro Bandeira nos permite fazer uma análise de um determinado grupo social em que as leis e normas são estabelecidas pelos caprichos dos senhores donos do poder, sem a participação dos envolvidos. Tais questionamentos concorrem para tornar determinados personagens da história - do grupo dos Karas - mais amigos e cúmplices por desvendar as intenções dos outros vilões que convivem nesta teia de emoções. É uma novela que lemos com o coração curioso e assustado, ansiosos para chegarmos ao fim e desvendar o destino de todos e as soluções encontradas para bem realizar a história.

   Sobre o autor:

Pedro Bandeira de Luna Filho nasceu em Santos/SP, em 1942, onde se dedicou ao teatro amador, até se mudar para São Paulo em 1961 a fim de estudar Ciências Sociais na Universidade de São Paulo. Atualmente mora em São Roque. É um dos autores de literatura juvenil mais vendidos do Brasil. A partir de 1983, Pedro Bandeira dedicou-se inteiramente à literatura. Autor da série Os Karas e O Fantástico Mistério de Feiurinha, além de mais de 80 outros títulos.

Wikipedia * InfoEscola * Skoob * NetSaberBiografias

   Conhecendo o livro:

A Droga da Obediência é o primeiro livro da série Os Karas: um grupo de amigos que, juntos, formam uma equipe imbatível. Os protagonistas do série são um grupo de jovens, alunos do colégio Elite, uma instituição de alto nível, extremamente democrática, para os filhos da "elite" do estado, ou seja, que provém de famílias ricas. São eles: Miguel (o líder, e presidente do Grêmio Estudantil), Crânio (jogador de xadrez, com uma mente brilhante), Calu (ator, maquiador, ótimo em disfarces e maquiagem), Magrí (uma exímia esportista) e o mais novo integrante (pegos totalmente desprevenidos, e sem outra opção a não ser aceitá-lo, porém demonstra grande agilidade e técnica), Chumbinho. Juntos, eles investigam o desaparecimento de estudantes de escolas da região, ao mesmo tempo em que descobrem que o alvo atual dos sumiços é a própria escola! Dá-se início a um intricado e perigoso jogo de mocinhos e bandidos.

Os livros seguintes são Pântano de Sangue, Anjo da Morte, A Droga do Amor, Droga de Americana e A Droga da Amizade que, aliás, é a última aventura dos Karas. A Amazon vende os cinco primeiros livros em Box, :3 :3.

Bem, a primeira vez que li o livro, ainda estava no ensino fundamental. :P Reli no médio, e agora, no superior, novamente. E não me canso! A história dos Karas é aquele tipo de livro que te prende, que tem o suspense, a ação e o drama na medida certas e, ainda por cima, com cenários brasileiros, lugares que você conhece, e se mora em Sampa, provavelmente já visitou. E é isso que deixa tudo ainda mais legal. Toda a história tem aquele tom característico do brasileiro.

Abaixo, vocês podem conferir algumas das capas do livro:

                                                                                          

   O que mais gostei:

• Os Karas tem um sistema de códigos secretos muito interessante, desde criptografia de mensagens, a gestos. Ficamos conhecendo o sinal de Reunião de Emergência ('K' escrito na mão), em seguida o de Mais Informações (Verifiquem seu livro favorito na biblioteca da escola), o gesto de cruzar os braços ('Tranque-se!', Não fale nada), e depois os códigos Vermelho (A: ais, E: enter, I: inis, O: omber, U: ufter) e TENIS POLAR (T-->P, E-->O, N-->L, I-->A, S-->R);

• O esconderijo dos Karas fica na própria escola, acima dela, mais precisamente. Entrando pelo alçapão do quartinho de vassouras, próximo aos vestiários;

• O Elite é a décima escola a ter alunos desaparecidos. Spoilers à parte, totalizando 30 desaparecimentos;

• O livro traz à tona também uma crítica social forte, e não apenas isso. Também temas pertinentes que devem ser discutidos, como testes com animais, a visão de lucro da indústria farmacêutica, testes em humanos e o uso de drogas. Isso pra não falar da agulhada dada na corrupção dentro da própria polícia;

• Sobre a abordagem a respeito das drogas: 

"É uma boa. Experimente! Você vai ver que legal!" 

E não é exatamente assim que a maior parte dos nossos jovens são incentivados a provar, ou melhor, 'iniciados' nesse caminho perturbador?

"Você está com algum problema, amigão? Eu tenho uma coisa legal, aqui. Você quer emoções? Da pesa. Entra nessa? Então venha cá. Você vai gostar."

Bandeira trabalhou cuidadosamente a abordagem do 'oferecedor' aos estudantes, na história do primeiro livro. Eu poderia dizer que fielmente até, para a sua época. Explorando as fraquezas, e a curiosidade dos jovens, em prol da droga.

• No que diz respeito à testes com animais, o assunto é complexo, extenso e demorado, por isso, deixo fontes (Wiki, PEA, InfoEscola) para consultas mais aprofundadas;

• Testes com humanos, então, oh! Confiram;

Ao final do livro, o autor conta um pouco sobre sua vida, e sobre como surgiu o livro. Uma ideia provinda de sua própria e real dor, uma dor de cabeça crônica, chamada de Cefaléia de Horton. Sua única solução na época era uma injeção que deixara de ser fabricada pelo laboratório responsável, porque não trazia o retorno comercial almejado à empresa. O autor diz então que a ideia de uma empresa que 'controla' quem sente dor e a intensidade dessa, é muito poderosa.

Citando o autor: "Será que tudo isso já não está acontecendo atualmente com a jovem humanidade drogada, vagando como idiotas semimortos, sem fé no futuro, sem fé em si mesmos e já sem a força e a garra de que tanto precisamos?". Outra parte de seu recado, que concordo plenamente é: "[...] toda uma história de vida permeada pela exortação à obediência, à disciplina, à aceitação passiva de um mundo comandado de cima para baixo [...]". Por que é exatamente o que acontece desde sempre, no mundo: somos exortados a obedecer, a não questionar, a não brigar, não discutir, não enfrentar. E discordo disso totalmente! Eu luto sim pelas causas em que acredito, e questiono tudo o que vejo de errado, assim como Miguel. 

"Eu só entendo que a minha capacidade de criticar tudo o que ouço e vejo, e a minha capacidade de contestar tudo o que descubro de errado  é que fazem de mim um ser humano."

Infelizmente, como Bandeira disse também, "Ai, quem me dera que um mundo de jovens de órbitas vazias fosse apenas ficção.". Pois é, hoje isso é realidade ainda maior do que em sua época de publicação de A Droga da Obediência, Bandeira. :/ :( Mas tenho esperanças de que a juventude, e não somente ela, mas todos aqueles que vinham se mantendo oprimidos e sufocados por uma maioria conservadora demais, banal demais, superficial demais, estejam se prontificando a se levantar em prol não apenas de si mesmos, mas também do próximo. Por que um país e um mundo, sem discriminações, sem preconceito, com direitos iguais e uma mentalidade de progresso é o que desejo para as futuras gerações. E embora isso soe utópico demais, o importante é nunca parar de lutar a boa luta.

#EuLi #PedroBandeira #Nacionais #OsKaras

Confiram também: Biblioteca Pedro Bandeira e Pedro Bandeira.com

   Citação Preferida:

*****