Resenha: Garota, interrompida


Livro: Garota, interrompida
Autor(a): Susanna Kaysen
Gênero: Auto-biografia, Psicológico
Editora: Única Editora (Selo da Editora Gente)
Páginas: 192

   Sinopse:

Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.

(Sinopse padrão para Garota, interrompida, disponível nas páginas online dedicadas a ela, no Skoob e no Submarino.)

   Na contra capa:

"Não saber o que quer ser não é uma opção."

"Um relato pessoal, intenso e brutal que nos faz refletir sobre o nosso papel na sociedade, Garota, interrompida é uma leitura obrigatória, que inspirou o filme homônimo sucesso de bilheteria que concedeu a Angelina Jolie seu papel mais importante,e o Oscar de melhor atriz coadjuvante."

   Book Trailer:
Como não há um trailer book oficial do livro, fiquem com o trailer do filme!


   O que eu achei:

Intenso, melancólico, e muito, muito estranho! O livro é resultado das recordações e anotações da própria autora, ao se internar em um hospital psiquiátrico, na década de 1960. E, embora eu não soubesse que se tratava realmente de uma auto-biografia (me perdoem por esse fato, por ser um pouco confuso, eu acabei pecando nesse detalhe), eu me envolvi com o livro devido a sua sinopse provocante e perturbadora.

Temas polêmicos, e divergentes na sociedade, sempre me atraíram. Então, ler sobre as experiências de Susanna me pareceu o certo a fazer. Se tornou aquele tipo de livro que eu tinha que ler. Então, aproveitando que estava na casa de uma amiga que o possuía, eu o devorei em pouco tempo. Vamos lá, para as impressões!

A história se passa na década de 1960, um período de conflitos, mudanças culturais, e avanço tecnológico lento. Mais ainda apegado ao tradicional, às normas, as regras. As diferenças, em geral, não eram bem vistas.

Logo de cara, as primeiras páginas me prenderam! Afinal, os debates filosóficos , os questionamentos e a angústia de Susanna apareceram como monólogos, pensamentos soltos, de alguém com uma mente embaraçada. E a narrativa me levou por fim a raciocinar juntamente com ela a cada nova etapa.

Desde sua avaliação (que mais tarde vem a ser questionada por ela mesma...) Susanna mostrava-se confusa, deprimida, 'desencantada com a vida', diria eu, se me permitirem. Não era um caso de doença grave, uma desoladora perda, de uma paixão avassaladora, nem nada assim. Apenas da falta de objetivos, de alvos, de uma motivação. Ela então se questiona sobre sua vida, e chega à tentativa de suicídio, através da ingestão de aspirinas em uma quantidade excessiva. Sobrevivendo a isso, ela acaba sendo internada em um hospital psiquiátrico, para tratamento do seu estado mental, e recebe o laudo de "Transtorno de Personalidade Limítrofe" ou, simplesmente, "borderline".

Nesse ponto chegamos a internação de Susanna, e ao seu 'novo lar', e suas 'novas amigas', que se tornam suas companheiras na jornada em busca da recuperação. Susanna fez um relato com as principais formas de tratamento disponíveis, aos quais cada uma de suas novas companheiras no hospital eram submetidas, não que ela fale de forma clara e objetiva. Por vezes suas conversas são confusas, bagunçadas, ou apenas informais; e tendo em mente o estado em que ela se encontrava na época, podemos dizer que isso é compreensível.

Susanna segue contando o seu dia-a-dia na instituição, seu trato com os funcionários (Valerie, por exemplo), com as enfermeiras estagiárias (que eram adoradas e bem aconselhadas pelas pacientes, que viam naquelas jovens e ativas garotas, a vida que não não tinham), e com as outras pacientes. Contando algumas experiências e pequenos relatos de cada uma. E assim vai seguindo. Também nos conta sobre suas impressões do lugar, do seu estado, e de sua saída da instituição ao final. Fazendo, por fim, uma breve análise sobre o que a levou para lá, e o que espera para o futuro.

   O que mais gostei:

O clima do livro é um pouco sombrio, o que me atrai muito. O tom realístico que ser uma auto-biografia lhe atribui também é bem bacana. O livro tem seus momentos cômicos, de descontração, porém também tem alguns momentos dramáticos. A personagem Lisa virou a minha favorita!

Assim como alguns autores, o uso de recursos diversos também está presente na obra. Susanna nos fala sobre poesia e arte, que são suas paixões. Entre as obras principais, está aquela que influenciou o nome do livro: um quadro de Vermeer, intitulado "Garota Interrompida em sua Música". Abaixo, podemos ver as três obras que ela cita (os nomes abaixo das obras são o modo como Susanna se refere a elas no livro).



1. A Dama e sua Criada                                2. O Soldado e sua Namorada                  3. A Garota Interrompida em sua Música
   
Os tratamentos aos quais Susanna faz referência também são interessantes, e alguns bem sombrios: como o eletrochoque e a terapia de água fria.


A história em si, como uma experiência, nos traz uma mensagem forte de busca de reencontro consigo mesmo, da busca por um significado, pela liberdade, por segurança. Imagine sua vida ser interrompida no auge de sua juventude, e passar por experiências desagradáveis, além de perder várias outras que lhe seriam normais nessa fase... não foi fácil para Susanna, mas ela passou por isso, e superou.

   O que não gostei:

A narração é um pouco confusa, ao menos assim me pareceu. Mas como já disse antes, ela demonstra o estado mental e emocional da paciente, o que acaba por justificar a confusão ou a 'estranheza' em algumas partes da narrativa.

   Sobre a adaptação:

A obra agradou tanto que acabou virando filme, e com ninguém menos do que a queridinha de Hollywood: Angelina Jolie. O filme foi lançado em 1999, em cores. Em uma parceria dos estúdios dos EUA e da Alemanha. Com uma duração de 2h07min. O elenco contou com Winona Ryder no papel principal (Susanna Kaysen) e Angelina ficou no papel de Lisa Rowe (que corresponde a Lisa "somente Lisa, como uma Rainha", no livro). Há algumas diferenças bem claras entre as duas obras, entre elas, o papel maior dos pais de Susanna no filme, que aparecem e tem uma influência maior do que a que nos é apresentada no livro; a tentativa de suicídio de Susanna no filme também foi um pouco alterada, para a ingestão de aspirinas com vodca; outros detalhes são um caso que Susanna teve com um funcionário do hospital psiquiátrico, e também pela 'afetação' da história da personagem Polly

Porém, como eu sou um fã assumido dos livros, antes de qualquer adaptação, podem ser coisas que não venham a desagradar os leitores, no fim das contas.



   Citação Preferida:

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