Resenha: Eu Vejo Kate

Livro: Eu Vejo Kate

Autor: Claudia Lemes

Gênero: Thriller Policial

Editora: Independente

Páginas: 300

   Sinopse:

A jovem, porém deprimida e instável escritora Kate Dwyer mergulha numa investigação sobre um famoso assassino em série para produzir sua biografia póstuma. Ao revisitar os bárbaros homicídios conduzidos por um homem que aterrorizou sua cidade natal, Kate esbarra em segredos antigos e poderosos, que ameaçam não apenas sua sanidade, mas sua vida. Com a ajuda de um ex agente federal com mistérios próprios e métodos assustadores, ela luta para salvar-se, enquanto desconfia de todos ao seu redor. Eu Vejo Kate é uma obra policial que oferece um insight brutal e verossímil sobre a mente de assassinos em série e as pessoas que dedicam suas vidas a compreendê-los. O livro abandona mitos hollywoodianos e não suaviza por um segundo a narrativa dos pensamentos violentos e sexuais que cercam a mente humana. Sua narrativa, contada do ponto de vista do próprio serial killer morto, da escritora, e do profiler, revela peças de um quebra cabeça que quando completo, assombrará o leitor por noites e mais noites

   Resenha:

Nathan Bardel A.K.A. O Esfaqueador das Damas de Blessfield foi um serial killer executado por seus crimes há alguns meses atrás. Kate, uma escritora de ficção, quer apostar em algo novo e resolve escrever a biografia deste cara, já que ambos vieram da mesma cidade natal. Quando a mulher decide por isso, o espírito de Nathan começa a se aproximar dela sem que a mesma perceba .

"Eu Vejo Kate. Ela não me vê."

Nisso, Kate começa uma investigação extensiva e exaustiva sobre sua vida, seus motivos e suas vítimas -- chegando até mesmo a gravar um CD com todas as músicas que ele atribuiu a cada vítima e a montar um Museu do Nathan em sua sala de estar, onde colocou todas as informações sobre ele e seu "trabalho"; tais como artigos de jornal, fotos das vítimas e seus nomes, datas e locais de mortes, Modus Operandi etc. --. No meio desta pesquisa, Kate, procura a ajuda do especialista em "Nathan Bardel", o ex-agente Ryan Owen, quem conduziu todo o caso Bardel, que concorda em ajudá-la.

Como um balde de água fria, Kate é proibida de dar continuidade a escrita. Alguém está tentando enterrar algo, impedir que alguma informação sobre o caso Bardel vaze. Mas quem? E por quê? Ryan e Kate então começam uma pequena investigação pelo real motivo para tal proibição... 

"E é aí que coisas horríveis acontecem, e nossa história de fato começa" Nathan [p. 56] 

Jennifer, vizinha de Kate, é assassinada em seu apartamento e a cena do crime é a típica cena de Bardel, contendo até mesmo sua assinatura, embora o mesmo esteja morto. Se segue uma investigação sobre o real assassino e algo no instinto de Ryan indica que Kate pode ser a próxima.  ah, como eu queria poder colocar uma música de suspense pra vocês nesse momento muahahaha

"Eu Vejo Kate" é narrado por três pontos de vistas completamente diferentes: Kate, Ryan e Nathan e isso é simplesmente uma das minhas coisas favoritas do livro. Já li vários livros com diferentes perspectivas, porém, em sua maioria, é muito difícil distinguir quem está narrando a não ser pela indicação do nome no início do capítulo, pois a maneira de pensar e narrar dos personagens se mantem bastante parecida. Aqui isso não acontece. Cada perspectiva é única, com formas de pensar e narrar diferentes e até mesmo o ambiente onde cada uma se passa se difere, como por exemplo, Ryan narra principalmente sobre a investigação do novo assassino enquanto Kate fala mais sobre seu livro. (falo sobre o Nathan daqui a pouco)

A narrativa, apesar de se tratar de uma história tensa, flui de uma maneira excepcional. Rica em detalhes, mas não ao ponto de se tornar entediante, a autora conseguiu pintar todos os cenários com uma clareza sem igual e isso me tornou tão imersa a leitura que por vezes, ao término de um capítulo, eu me peguei perguntando onde eu estava alguns segundos atrás, como se tivesse acabado de sair de um transe. E haja pesquisa para pintar esses quadros com clareza, hein! Sinta-se aplaudida de pé por isso, Claudia.

Este livro tem de tudo: suspense, ódio, ameaças, assassinato, estupros, surpresas (vocês nunca vão descobrir quem o assassino é) e até mesmo uma pitada de romance para amenizar um pouquinho o clima, portanto só indico a você que leia se tiver um estomago forte porque, meu bem, "Eu Vejo Kate" vai aparecer até nos seus sonhos (fato comprovado pela minha pessoa que quase nunca sonha). E se você não gosta do gênero ou não está tão habituado com ele (tipo eu), não importa, pois o suspense não te deixa abandonar o livro, na verdade, só te instiga a prosseguir ainda mais.

   O que mais gostei:

1. A narrativa de Bardel. Não um ponto específico nela, mas ela toda. Nathan narra de uma maneira bem diferente dos outros dois, não só pelo fato de estar morto e saber o que Ryan e Kate pensam, sentem e até mesmo sobre o assassino, mas sim porque ele fala com você. Sim, isso mesmo. Nathan Bartham Bardel, O Esfaqueador das Damas de Blessfield, serial killer cruel, conversa com você ao decorrer da leitura. Nathan tenta tenta fazer entender, tenta mostrar que ele teve um bom motivo, que não é um monstro e tem sentimentos, (ponto 1.5) mesmo que no início seus sentimentos sejam em sua maioria de ódio. Nosso assassino vai trabalhando neste quesito por todo o livro, chegando até mesmo a ter sentimentos "bons" como um carinho (quase doentio) pela Kate. Vemos uma evolução de Bardel e acabamos compartilhando alguns sentimentos com ele, tentando entendê-lo. Eu, particularmente, passei o livro inteiro tentando com todas as minhas forças odiá-lo pelo que ele fez enquanto vivo, porém, esta missão falhou de uma maneira quase cômica, pois ao fim, acabei gostando dele e querendo bem mais hahaha 

2. Eu nunca, jamais, em tempo algum, nem em um milhão de anos, imaginaria quem era o assassino. Fiz várias teorias, cheguei até mesmo a pensar que o Nathan tinha descoberto uma forma de se apossar do corpo da Kate e sair por aí matando as pessoas, mas nada passou perto do real desfecho. Adoro ser surpreendida dessa forma!

   O que não gostei:

No início, pensei que o livro contaria a história de Nathan, como se realmente fosse a biografia dele e, apesar de ficar claro que não era, eu gostaria que isso tivesse sido um pouco mais trabalhado. Sim, nós tivemos o modo como foi ele criado, seus pensamentos, como via as vítimas, o modo como agia e coisas do tipo, mas eu senti falta de "algo a mais", acho que ele merecia ter só um pouquinho a mais de destaque. 

   Citação Preferida:

"― Alguma ideia de quem é Greg Good Guy?
Balanço minha cabeça. Não me lembro do nome.
― Bem, ― Ryan suspira. Ele para, obedecendo ao sinal vermelho. ― Ele é amigo de Jennifer e Shana e você.
Eu levo um momento para digerir isso.
Ryan fala: ― Assassinos em série precisam do máximo de contato possível com suas vítimas quando estão planejando e fantasiando. No passado faziam isso com perseguição física, que é arriscado e demorado. O Facebook é uma maneira fácil de acessar fotos, ficar atualizado sobre o que estão fazendo, saber onde estão...
― Merda.
― Sim, Kate. O quão pessoal você torna seu Facebook?"

Só queria dizer que foi muito difícil escolher uma citação que não fosse um spoiler pra vocês. Odeio receber spoiler, mas adoro marcá-los no livro, vai entender... hahaha

Então galerinha, espero que tenham gostado da resenha tanto quanto eu adorei ler o livro. Pra quem não viu a postagem que fiz há algumas semanas atrás, leiam o primeiro capítulo aqui e também confirmem presença no lançamento virtual do livro. Kate merece a classificação de todas as estrelas do universo e eu super recomendo. Vocês não vão se arrepender!!