#SemanaOCicloDaMorte - Entrevista com a autora + Cena Extra


Como surgiu a inspiração para escrever o livro e também o nome dos personagens?
De uma conversa no celular, com uma amiga. Brincando, ela perguntou “imagina dividir o apartamento com um vampiro?” e 5 minutos depois eu estava escrevendo a cena da primeira conversa de Lucio e Kelene no apartamento. E então uma amiga postou o começo de um livro dela (Amor e Morte, da Letícia Marques) e a ideia terminou de criar forma.
Teve nome inventado (Kelene, Avés), teve nome que escolhi por causa do significado (Lucio), os que foram resultado de muuuuuuuita pesquisa (Ajoxb’ak, K’inich e K’ujul). Mas a maioria eu simplesmente achei que combinava com os personagens.

Qual seu autor preferido? Quem a apresentou o mundo dos livros?
Marion Zimmer Bradley. Eu venho de família de professores. Minha mãe tem uma (não tão) pequena coleção de livros e me colocou para ler desde bem criança (na base do livre e espontânea pressão mesmo).


Algum dos personagens é baseado em uma pessoa real?
Sim! No Ciclo da Morte, Alice é baseada na minha irmã mais nova, e Semele é baseada em uma amiga. Em A Revelação, Felipe e Luiz são baseados em amigos.

Por convívio já sei que uma boa parte de seus personagens foram inspirados em outros personagens e até em amigos. Mas de onde você tirou inspiração para criar a personalidade de sua personagem principal, Kelene?
Honestamente? Boa pergunta! Kelene basicamente teve vida própria desde quando comecei a escrever, e eu fui só descobrindo a personalidade dela (e até hoje ela me surpreende, às vezes).

Quem é seu personagem favorito? Por quê?
Semele. Pela força que ela tem, a forma de sempre seguir em frente não importa o que aconteça. Ela não pára para pensar, ela simplesmente vai e faz. Ela apareceu pouco em O Ciclo da Morte, mas vão ver mais dela no próximo.

Cinco Livros que foram importantes para a inspiração ou criação de O Ciclo da Morte?
Amor e Morte, da Letícia Marques (não publicado). Marcada para Morrer, da Kim Harrison. Ravenous, da Sharon Ashwood. Ana Z, Aonde Vai Você, da Marina Colasanti. Jogos Vorazes, da Suzanne Collins (juro! Haha)

O momento mais crucial na criação de O Ciclo da Morte?
Quando eu entendi qual era a relação da Kelene com o Inominável. A partir daí tudo virou praticamente uma bola de neve, todos os detalhes se encaixando e fazendo sentido.

O Ciclo da Morte é seu primeiro livro lançado, mas é seu primeiro escrito? Quando isso começou? E qual são seus planos para a próxima continuação da série? O que os leitores devem esperar?
Nossa, está longe de ser o primeiro! Antes dele escrevi cinco livros de uma série de fantasia/ficção científica (que foram escritos e reescritos mais vezes do que me lembro – comecei a escrever essa história com 11 anos, poxa!), e dois livros de outra série de fantasia. Um dia desses tiro a poeira deles (e de outras coisinhas que estão aqui)
Bom, a continuação da série já está bem adiantada, digamos assim. O segundo livro, Herança de Fogo, está praticamente terminado, e já comecei a rascunhar o terceiro. Entre os livros 2 e 3 tenho dois “contos” grandinhos (maiores que o A Revelação), para explicar alguns fatos que só vão ser mencionados no livro 3. E sim, vai ser trilogia, pelo menos por agora.
A série Santuário da Morte não é a série da Kelene e do Lucio, o título foi proposital. Os livros contam a história do Santuário, sua influência no mundo humano e na vida das pessoas ligadas a ele. Ou seja, podem esperar mais surpresas haha Alguns personagens secundários vão ganhar destaque, novos personagens vão surgir, outros povos do Outro Mundo vão aparecer também. (Mas ninguém vai sumir, antes que apareça alguém querendo me matar rs) A relação entre a humanidade e os povos do Outro Mundo vai voltar a ser uma questão importante, que vai fazer uma diferença muito grande no rumo das coisas.

O que os leitores devem esperar do seu livro? Muito romance? Muita ação?
Eu não escrevo romance, não no sentido de montar a história já pensando no casal ou no triângulo amoroso ou qualquer coisa do tipo. Eu tenho histórias a contar, e acontece de elas terem alguma coisa de romance no meio. Então falando assim, eu diria que, com certeza, mais ação que romance.

Quais seus livros favoritos?
Complicado... Vou “resumir” em três séries que não consigo ficar sem: O Senhor dos Anéis, As Brumas de Avalon, Darkover.

(Perguntas feitas pelos blogs Miih e o mundo literário, Era uma vez o livro e My Little Metaphor)

***

"Esta cena se passa 2 anos antes da história de O Ciclo da Morte, e foi escrita para a semana de divulgação do lançamento do livro. Foi uma das primeiras cenas com a Kelene que escrevi (rascunhei), e me ajudou bastante a entender a personalidade dela, mesmo não tendo entrado no livro" Thais Lopes
 AniIVERSÁRIO
Kelene
A vida é feita de escolhas. E cada uma delas tem o potencial para afetar não apenas a nossa própria vida, mas também a de todos ao nosso redor. Eu deveria ter me lembrado disto. Nunca se escapa das consequências, não importa quando tempo se passe.
Engolindo as lágrimas, eu olhei para meu celular mais uma vez. Dezenove chamadas não atendidas. E este número só iria aumentar. Não era para ser assim. Este dia deveria ser feliz, cheio de comemorações. Meu aniversário de dezoito anos. Ao invés disso, eu estava pagando o preço pelas minhas escolhas.
Meus pais estavam mortos. Eu tinha sido acordada pelo toque do celular, a voz impessoal do outro lado me dando a notícia. Um acidente de carro, disseram. Eles haviam morrido na hora.
Eu tinha me esquecido… Ou melhor, tivera esperanças de que apenas eu seria afetada. Ilusão. Tinha feito minha escolha, renovado um juramento que eu sabia que me prenderia por toda a minha vida, mais uma vez.
“Você saberá quando chegar a hora de fazer sua parte.”
As palavras frias da Morte estavam gravadas em minha memória. Eu só não tinha esperado que outras pessoas pagassem por minha escolha.
- Kelene?
A voz que me chamava era familiar, e eu levantei a cabeça para encarar Artur. Um colega da faculdade, apenas isto. Ele hesitou, antes de vir se sentar ao meu lado.
- Eu soube. – ele murmurou. – Não imaginei que te veria aqui hoje.
- Não, eu deveria estar no velório, não é? – minha voz era amarga, eu sabia que a culpa era minha, mesmo que ninguém mais suspeitasse. – Assistir enquanto todos aqueles abutres fingem se importar comigo, fingem que se importavam com meus pais, mas no fim das contas só querem estar próximo de quem tem o dinheiro.
Artur arregalou os olhos, mas não discutiu. Era por isto que tínhamos nos tornados amigos, até certo ponto. Ele também percebia os jogos de interesse e os desprezava.
O celular vibrou, e eu o desliguei. Não atenderia as ligações de condolências. Não responderia aos que perguntavam onde eu estava. Eu não tinha o direito de estar no velório, nem de chorar por eles. Um acidente, diziam. Mas eu entendia. Aquilo era apenas uma forma conveniente de disfarçar o que realmente acontecera, esconder qualquer estranheza.
A Morte sabia que eu entenderia o recado.
Balançando a cabeça, eu me levantei, sem falar nada. Ainda senti os olhos de Artur nas minhas costas enquanto ia em direção à saída da faculdade.
Era hora de cumprir minha parte do acordo. 
***
Mais uma vez, não se esqueçam de participar do evento de lançamento do livro amanhã no facebook, será muito legal e vocês ainda poderão concorrer a um livro autografado pela autora, marcadores e bottons! Aos que tem blog, participem também da booktour do livro. 
Beijinhos e até a próxima,

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